quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO EM PISCICULTURA INTENSIVA DE FLUXO CONTÍNUO

Marcos Guilherme Rigolino----- Ms., PqC da UPD de Campos do Jordão/APTA Regional Vale do Paraíba/APTA----- riqolino@apta.sp.qov.br----- Yara Aiko Tabata----- Dr., PqC da UPD de Campos do Jordão/APTA Regional Vale do Paraíba/APTA----- yara@apta.sp.gov.br------ Um dos pontos críticos na piscicultura intensiva, particularmente na truticultura que utiliza fluxo contínuo, consiste em garantir o fornecimento constante e abundante de água limpa, bem oxigenada e com baixa turbidez.------ Por estarem localizadas em regiões de altitude, com relevo acidentado e cobertas por matas, as truticulturas constantemente sofrem com interrupções da vazão devido a entupimentos causados por galhos, folhas, pedras, areia e até por pequenos animais trazidos pela correnteza.------- Este material além de comprometer a qualidade da água é bastante prejudicial aos peixes, pois as pequenas partículas em suspensão agridem as brânquias e provocam lesões que afetam a respiração.----- Águas turvas também dificultam a visualização da ração, impedindo a apreensão do alimento o que afeta o crescimento do animal e a conversão alimentar.------ A colocação de grades e/ou telas associada à vigilância e a instalação de sensores de nível com alarmes sonoros podem diminuir as incidências desses acidentes, mas não podem evitar que partículas menores se acumulem nas canaletas e tubulações e, por fim, cheguem até os tanques, ocupando boa parte do tempo da mão de obra para recolhimento desse material, especialmente nos períodos de chuva----- (Figura 1). ------- Esta situação é vivenciada pela maioria dos truticultores brasileiros de pequeno porte e, também, compartilhada pelos funcionários da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão. As instalações da UPD foram construídas na década de 1970, sem nenhuma estrutura para realizar o tratamento de água de abastecimento, bem como dos efluentes gerados nos tanques de cultivo.------- Entre as obras pleiteadas pela UPD de Campos do Jordão, no programa de modernização dos Pólos da Apta Regional foram priorizadas aquelas com foco na sustentabilidade. Assim, foi solicitado e aprovado junto ao FEHIDRO um empreendimento para elaboração de um projetoi para tratamento de efluentes das unidades de cultivo da UPD, que se encontra em andamento.------- Paralelamente a esta ação foi instalado um módulo de tratamento da água de abastecimento dos tanques. Este tratamento, além de melhorar a qualidade da água e promover o bem estar dos peixes (e dos funcionários), contribuirá de modo significativo para aumentar a eficiência do tratamento dos efluentes.------ Figura 1 - Tanques de cultivo de trutas da UPD de Campos do Jordão, tendo ao lado depósitos de areia recolhida dos fundos dos tanques após período uma semana de chuvas.------
Módulo de tratamento da água de abastecimento------ O módulo de tratamento consiste na filtragem da água, decantação de areia fina e monitoramento da vazão. A água, captada de uma barragem, passa inicialmente por uma grade de ferro com vãos de 2,5 cm (Figura 2), a fim de reter troncos, galhos e material grosseiro, sendo conduzida por uma tubulação até o módulo de tratamento (Figuras 3 e 4). No módulo toda a água é filtrada em uma tela de aço inoxidável (Figura 5 e 6) composta por arames em forma de cunha (Figura 7).-------- Por essa tela passam apenas a água e partículas menores que 1 mm, sendo que todo o material retido pela tela (constituído principalmente por folhas e areia grossa) é escorrido e despejado em um pequeno tanque lateral para ser coletado e descartado. Figura 2 - Grade de ferro com vãos de 2,5 -------Figura 3 - Módulo de tratamento da água de cm no ponto de captação da água do rio, abastecimento: vista da caixa de recepção e para retenção de material grosseiro. tanque de decantação.
Figura 4 - Módulo de tratamento da água de abastecimento: vista do tanque de decantação e da calha Parshall.
Figura 5 - Vista da água vertendo da caixa de recepção sobre a tela de filtragem.
Figura 6 - Tela de 1mm para separação de areia grossa e folhas, no módulo de tratamento.-----
Figura 7 - Esquema de posicionamento, forma e soldagem da tela de aço.
Após a passagem pela tela (Figura 8) a água é então conduzida ao tanque de decantação onde a areia fina e as partículas menores sedimentam. Este tanque é dividido ao meio e através da colocação de comportas podem ser constituídas duas unidades isoladas para serem limpas e esgotadas de forma independente, sem a interrupção do fluxo de água para os tanques. ------- Na saída do módulo a água passa pela calha Parshall, onde é feita a leitura constante da vazão (Figura 9). Neste ponto será instalado um sensor de nível para auxiliar no monitoramento da vazão. Figura 8 - Passagem da água -----
Figura 9 - Calha Parshall com graduação pela tela de 1 mm em direção em m3/hora aos tanques de decantação. Desde a captação na barragem até a distribuição final para todas as unidades a água flui por gravidade e a tela de filtragem no módulo de tratamento sendo auto limpante, dispensa a ocupação de mão de obra.----
------Considerações finais---------- Depois da instalação do módulo de tratamento da água de abastecimento verificou-se uma diminuição sensível da deposição de sedimentos dentro dos tanques de cultivo e mesmo após as fortes chuvas de verão não foram necessárias as intervenções para impedir os entupimentos das tubulações.------- Resultados parciais obtidos em um estudo sobre a caracterização da água de abastecimento e do efluente da UPD de Campos do Jordão, em execução pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Recursos Hídricos do Instituto de Pesca, indicam que apenas na passagem pela tela ficam retidos aproximadamente 80% dos sólidos em suspensão.----------- Além de promover a melhoria da qualidade da água e do bem estar dos peixes o módulo desarenador, por reduzir a carga de efluente a ser tratado, permitirá uma melhor adequação do sistema de tratamento de efluentes, a ser futuramente instalado.----- O projeto foi elaborado pela Santech Consultoria e Projetos Ltda e executado pela Tecnolim Engenharia e Comércio, sob a supervisão do Dr. Ricardo Yasuichi Tsukamoto - PuriAqua Ltda. (Processo SAA n 9.132/2009 - Pregão presencial DDD 17/2009).

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