sábado, 24 de dezembro de 2011

SISTEMA DE CRIAÇÃO EM TANQUES-REDE

: Tilápias são as Espécies mais Cultivadas Luiz Marques da Silva Ayroza - Zootecnista, Pesquisador Científico da Apta do Médio Paranapanema, Assis/SP, Apta/SAA ayroza@apta.sp.gov.br Fabiana Garcia - Zootecnista, Pesquisadora Científica da Apta Noroeste Paulista, Votuporanga/SP, Apta/SAA fgarcia@apta.sp.gov.br Existem diversos sistemas de criação de organismos aquáticos e, na escolha do sistema de produção a ser adotado, deve-se levar em conta alguns fatores que garantam sucesso ao empreendimento. Atualmente, os cultivos em viveiros escavados e de barragens são mais comuns, mas os tanques-rede vêm sendo cada vez mais utilizados. Trata-se de um sistema intensivo, que apresenta produtividade maior que o sistema semi-intensivo e utiliza tecnologia mais sofisticada e gestão da produção. O sistema em tanques-rede é, normalmente, instalado em enseadas, baías ou outros locais abrigados em águas continentais e no mar. As vantagens oferecidas por esse sistema são baixo custo, rapidez de implantação, rápido retorno do investimento, produtividade elevada, otimização da utilização da ração, controle eficiente da população e da sanidade e facilidade de manejo e despesca. Para a instalação da piscicultura em tanques-rede é necessário que se faça um estudo de viabilidade econômica do empreendimento para garantir sua sustentabilidade, juntamente com um estudo de mercado, para saber onde e como vender o peixe. Outro fator importante é verificar a infraestrutura disponível e elaborar um bom projeto técnico com informações sobre a localização, a escolha da espécie, o sistema de produção, as densidades adequadas, o manejo alimentar, para se ter uma ideia do planejamento e dimensionamento da piscicultura. Por último, o empreendimento deve ser regularizado junto aos órgãos competentes. O papel fundamental dos tanques-rede é confinar os peixes, permitindo a maior troca de água possível com o ambiente à sua volta, função que é influenciada pelo volume do tanque, formato e o material de sua construção, que deve ser resistente à corrosão e vazado, garantindo tanto a troca de água como a remoção dos dejetos produzidos pelos peixes. Além dessas características, deve possibilitar a retenção do alimento em seu interior até ser consumido e não causar lesões nos peixes. Essas características consideram tanto o manejo adequado dos peixes, quanto à manutenção da qualidade da água do recurso hídrico. Tamanho, formato e material dos tanques-rede influenciam no seu potencial Os tanques-rede, tradicionalmente, apresentam volume de 1 m³ a 1.000 m³. Entretanto, os de menor volume (de 1 m³ a 20 m³) apresentam maior produtividade por volume de tanque-rede pela maior facilidade de renovação de água. Os formatos também influenciam no potencial de renovação de água e, em geral, são retangulares, cúbicos ou cilíndricos. As formas retangulares beneficiam a passagem da corrente d’água homogeneamente por sua superfície lateral, enquanto que nas formas cilíndricas a corrente tende a circundar a lateral do tanque em vez de atravessá-la. Outro aspecto importante é a orientação do tanque em relação à direção da correnteza. Deve ser posicionado com a lateral de maior dimensão na direção da correnteza predominante e a profundidade mínima deve ser de 1 metro + a altura do tanque-rede, para que a água flua livremente abaixo do mesmo. Os materiais podem ser dos mais variados tipos: flexíveis (redes de náilon, no caso de tanques-rede) ou rígidos (plásticos perfurados, aramados de metal, telas rígidas, no caso de gaiolas). O ideal é que sejam resistentes à corrosão, duráveis, leves, de baixo custo e não provoquem lesões nos peixes. Devem facilitar a renovação de água e oferecer resistência à colonização por microorganismos. Além das boas características do tanque-rede, os comedouros são equipamentos muito importantes para esse sistema de piscicultura, pois têm a função de garantir que o alimento permaneça dentro do tanque até ser totalmente consumido. Para aumentar sua eficácia e não obstruir a passagem de água, os comedouros devem estar localizados no centro dos tanques. Soma-se a esses fatores, a necessidade de uma cobertura para os tanques para prevenir a ação de predadores e os furtos. Se for opaca, oferecerá sombreamento, impedindo a incidência de raios ultravioleta e diminuindo a visão dos peixes (para objetos e/ou movimentação sobre o tanque). A importância da renovação da água no sistema de tanques-rede Estudos demonstram que a renovação ideal da água no tanque-rede é em torno de cinco vezes/minuto, ou uma velocidade de fluxo de água de 1m/s no interior do tanque. Maiores taxas de renovação somente são necessárias em condições onde o tanque atingiu sua capacidade de suporte, com temperaturas da água em torno de 30ºC ou com saturação de oxigênio dissolvido abaixo de 50%. Os peixes cultivados em tanques-rede não devem ser expostos a correntezas acima de 10 metros/s. Os locais para o cultivo de peixes em tanques-rede devem: apresentar facilidade de acesso para o manejo; ser protegidos de ventos fortes; ter profundidade acima de 3m, boa qualidade e renovação da água; e apresentar transparência da água acima de 1 metro. Os tanques devem ser posicionados em sequência, de maneira que a água de qualidade inferior, proveniente de um tanque, não seja direcionada para outro, e de modo que um tanque não interfira na renovação de água do adjacente. É recomendado que os tanques sejam posicionados de maneira linear e não em disposição semelhante a um tabuleiro de xadrez. O manejo criatório de peixes, tanto em tanques-rede como em viveiros, é dividido em fases. O número de fases varia de acordo com o objetivo da criação, a espécie criada, as condições climáticas etc., mas, normalmente, se divide em alevinagem, pré-terminação e terminação. Tilápias em tanque-rede As tilápias são espécies que aceitam uma grande variedade de alimentos; respondem com a mesma eficiência à ingestão de proteínas de origem vegetal e animal; apresentam boa resistência às doenças, aos superpovoamentos e a baixos teores de oxigênio dissolvido na água. Além disso, possuem boas características organolépticas e nutricionais, o que as potencializa como peixes para industrialização. Doenças são limitantes à produção As doenças que acometem os peixes são causadas por microorganismos oportunistas, os quais estão presentes na água e convivem em equilíbrio com os peixes. Esse equilíbrio só é quebrado por dois motivos: quando a qualidade da água favorece a multiplicação dos microorganismos (sobra de ração, baixa renovação de água, elevada ou reduzida temperatura da água etc.); ou quando o peixe passa por situações que fazem com que seus mecanismos de defesa às doenças sejam prejudicados causando estresse: (manejos de rotina, transporte e classificação, densidade de estocagem inadequada, ração que não atende às exigências da espécie, reduzida oxigenação da água etc.). A adoção de boas práticas de manejo, as quais mantenham a boa qualidade da água e preservem o funcionamento dos mecanismos de defesa dos peixes, pode prevenir as enfermidades e, consequentemente, reduzir as elevadas taxas de mortalidade. Em estudos da ocorrência de parasitos e bactérias em tilápias do Nilo, criadas em tanques-rede, verifica-se que, embora muitos piscicultores estejam utilizando antibióticos para tentar controlar as enfermidades nas pisciculturas, a causa primária da mortalidade está relacionada ao parasito denominado Trichodina. Trata se de um protozoário que é encontrado na pele e nas brânquias dos peixes e que só conseguimos observar sob microscópio. Essa informação é importante, pois esse parasito é facilmente controlado com banhos de cloreto de sódio (sal). Em alguns casos, quando o piscicultor utiliza o antibiótico, observa-se redução da mortalidade porque, após a infestação pelo Trichodina, as bactérias vêm como patógeno secundário. Assim, o antibiótico trata a infecção secundária, porém não tem efeito sobre a causa primária (Trichodina).
Em tanques-rede, piscicultores têm utilizado “trouxas” de sal de aproximadamente 2kg, confeccionadas com saco de ração e amarradas no centro dos tanques, de modo que levem dois dias, aproximadamente, para dissolver o sal. Apesar de esse método não ter sido testado cientificamente, os estudos demonstram que as pisciculturas que adotam esse manejo apresentam menor ocorrência de doenças e menores taxas de mortalidade.
O Custo Operacional levou em conta o desembolso (insumos, mão de obra e outros) e mais a depreciação dos bens duráveis. O ciclo de produção médio do estado é de 1,7/ano. O valor do investimento considerado é do tanque-rede instalado.

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