quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO EM PISCICULTURA INTENSIVA DE FLUXO CONTÍNUO

Marcos Guilherme Rigolino----- Ms., PqC da UPD de Campos do Jordão/APTA Regional Vale do Paraíba/APTA----- riqolino@apta.sp.qov.br----- Yara Aiko Tabata----- Dr., PqC da UPD de Campos do Jordão/APTA Regional Vale do Paraíba/APTA----- yara@apta.sp.gov.br------ Um dos pontos críticos na piscicultura intensiva, particularmente na truticultura que utiliza fluxo contínuo, consiste em garantir o fornecimento constante e abundante de água limpa, bem oxigenada e com baixa turbidez.------ Por estarem localizadas em regiões de altitude, com relevo acidentado e cobertas por matas, as truticulturas constantemente sofrem com interrupções da vazão devido a entupimentos causados por galhos, folhas, pedras, areia e até por pequenos animais trazidos pela correnteza.------- Este material além de comprometer a qualidade da água é bastante prejudicial aos peixes, pois as pequenas partículas em suspensão agridem as brânquias e provocam lesões que afetam a respiração.----- Águas turvas também dificultam a visualização da ração, impedindo a apreensão do alimento o que afeta o crescimento do animal e a conversão alimentar.------ A colocação de grades e/ou telas associada à vigilância e a instalação de sensores de nível com alarmes sonoros podem diminuir as incidências desses acidentes, mas não podem evitar que partículas menores se acumulem nas canaletas e tubulações e, por fim, cheguem até os tanques, ocupando boa parte do tempo da mão de obra para recolhimento desse material, especialmente nos períodos de chuva----- (Figura 1). ------- Esta situação é vivenciada pela maioria dos truticultores brasileiros de pequeno porte e, também, compartilhada pelos funcionários da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão. As instalações da UPD foram construídas na década de 1970, sem nenhuma estrutura para realizar o tratamento de água de abastecimento, bem como dos efluentes gerados nos tanques de cultivo.------- Entre as obras pleiteadas pela UPD de Campos do Jordão, no programa de modernização dos Pólos da Apta Regional foram priorizadas aquelas com foco na sustentabilidade. Assim, foi solicitado e aprovado junto ao FEHIDRO um empreendimento para elaboração de um projetoi para tratamento de efluentes das unidades de cultivo da UPD, que se encontra em andamento.------- Paralelamente a esta ação foi instalado um módulo de tratamento da água de abastecimento dos tanques. Este tratamento, além de melhorar a qualidade da água e promover o bem estar dos peixes (e dos funcionários), contribuirá de modo significativo para aumentar a eficiência do tratamento dos efluentes.------ Figura 1 - Tanques de cultivo de trutas da UPD de Campos do Jordão, tendo ao lado depósitos de areia recolhida dos fundos dos tanques após período uma semana de chuvas.------
Módulo de tratamento da água de abastecimento------ O módulo de tratamento consiste na filtragem da água, decantação de areia fina e monitoramento da vazão. A água, captada de uma barragem, passa inicialmente por uma grade de ferro com vãos de 2,5 cm (Figura 2), a fim de reter troncos, galhos e material grosseiro, sendo conduzida por uma tubulação até o módulo de tratamento (Figuras 3 e 4). No módulo toda a água é filtrada em uma tela de aço inoxidável (Figura 5 e 6) composta por arames em forma de cunha (Figura 7).-------- Por essa tela passam apenas a água e partículas menores que 1 mm, sendo que todo o material retido pela tela (constituído principalmente por folhas e areia grossa) é escorrido e despejado em um pequeno tanque lateral para ser coletado e descartado. Figura 2 - Grade de ferro com vãos de 2,5 -------Figura 3 - Módulo de tratamento da água de cm no ponto de captação da água do rio, abastecimento: vista da caixa de recepção e para retenção de material grosseiro. tanque de decantação.
Figura 4 - Módulo de tratamento da água de abastecimento: vista do tanque de decantação e da calha Parshall.
Figura 5 - Vista da água vertendo da caixa de recepção sobre a tela de filtragem.
Figura 6 - Tela de 1mm para separação de areia grossa e folhas, no módulo de tratamento.-----
Figura 7 - Esquema de posicionamento, forma e soldagem da tela de aço.
Após a passagem pela tela (Figura 8) a água é então conduzida ao tanque de decantação onde a areia fina e as partículas menores sedimentam. Este tanque é dividido ao meio e através da colocação de comportas podem ser constituídas duas unidades isoladas para serem limpas e esgotadas de forma independente, sem a interrupção do fluxo de água para os tanques. ------- Na saída do módulo a água passa pela calha Parshall, onde é feita a leitura constante da vazão (Figura 9). Neste ponto será instalado um sensor de nível para auxiliar no monitoramento da vazão. Figura 8 - Passagem da água -----
Figura 9 - Calha Parshall com graduação pela tela de 1 mm em direção em m3/hora aos tanques de decantação. Desde a captação na barragem até a distribuição final para todas as unidades a água flui por gravidade e a tela de filtragem no módulo de tratamento sendo auto limpante, dispensa a ocupação de mão de obra.----
------Considerações finais---------- Depois da instalação do módulo de tratamento da água de abastecimento verificou-se uma diminuição sensível da deposição de sedimentos dentro dos tanques de cultivo e mesmo após as fortes chuvas de verão não foram necessárias as intervenções para impedir os entupimentos das tubulações.------- Resultados parciais obtidos em um estudo sobre a caracterização da água de abastecimento e do efluente da UPD de Campos do Jordão, em execução pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Recursos Hídricos do Instituto de Pesca, indicam que apenas na passagem pela tela ficam retidos aproximadamente 80% dos sólidos em suspensão.----------- Além de promover a melhoria da qualidade da água e do bem estar dos peixes o módulo desarenador, por reduzir a carga de efluente a ser tratado, permitirá uma melhor adequação do sistema de tratamento de efluentes, a ser futuramente instalado.----- O projeto foi elaborado pela Santech Consultoria e Projetos Ltda e executado pela Tecnolim Engenharia e Comércio, sob a supervisão do Dr. Ricardo Yasuichi Tsukamoto - PuriAqua Ltda. (Processo SAA n 9.132/2009 - Pregão presencial DDD 17/2009).

Projeto dispensa licenciamento para pesca de pequeno porte

10 de fevereiro de 2012 ----
Os empreendimentos de piscicultura de pequeno porte estarão livres da licença ambiental. A proposta é da deputada estadual Rejane Dias, que deve apresentar o projeto logo que encerrar sua licença médica e retomar suas atividades na Assembleia.----- Segundo ela, a proposta tem o aval da Secretaria Nacional da Pesca, órgão vinculado Ministério da Pesca e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, órgão vinculado Ministério da Pesca e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. “O Conselho Nacional do Meio Ambiente, em seu artigo 7º, assegura que os empreendimentos de pequeno porte nessa área sejam dispensados do licenciamento ambiental”, completou Rejane Dias.------ A intenção da deputada é aproveitar a aptidão natural do Estado para facilitar a abertura de empreendimentos de pequeno porte, em regime de agricultura familiar. “Vamos liberar estes trabalhadores da enorme burocracia para se cultivar peixes no Estado. Vai ser uma facilidade a mais para que mais pessoas abram seus empreendimentos, produzam alimentos e sustentem suas famílias”, argumentou Rejane. Será considerado de pequeno porte os projetos com lâmina d’água menor que cinco hectares.------- O consumo de pescado recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 12 kg por habitante ao ano, mas no Piauí, o consumo é de apenas 3 kg. Ainda em março, a deputada Rejane vai apresentar um projeto para regulamentar a pesca no estado, que trará regras e normas mais claras para os empreendimentos de piscicultura. “Assim, o Governo do Estado terá mais facilidades para atender as demandas do setor, como garantir isenções e financiamentos”.---- Fonte: Ascom Alepi

PISCICULTURA ORGÂNICA

Mônica A. M. Moura e Mello, monica_moura@aptaregional.sp.gov.br, e-------- Edmilson José Ambrosano, ambrosano@aptaregional.sp.gov.br------- APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios)------- Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico do Centro Sul/SAA (Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo)------ Em dezembro de 2006 realizou-se o "V Curso de Capacitação em Agricultura Orgânica", no Pólo Regional Centro Sul/APTA/SAA, em Piracicaba. Diante da demanda levantada sobre a necessidade de um treinamento mais específico em agroecologia na região, o objetivo do curso foi capacitar os técnicos executores do "Programa Estadual de Microbacias Hidrológicas (PEMH)", do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), nas práticas mais avançadas sobre tecnologia aplicada em agroecossistemas conduzidos de forma orgânica para, no futuro, garantir uma orientação adequada aos produtores envolvidos. Participaram, ainda, técnicos da Prefeitura Municipal de Piracicaba e do Pólo Centro Sul e produtores rurais. O evento foi coordenado por Gerson Antonio Groppo (EDR) e pelos pesquisadores Edmilson José Ambrosano e Nivaldo Guirado (APTA Regional Centro Sul).------- Abordaram-se os seguintes temas: adubação orgânica e adubos verdes, criação do peixe orgânico, homeopatia vegetal, compostagem, manejo de plantas espontâneas, cultivo de plantas aromáticas e medicinais e extratos vegetais no controle de pragas e doenças. Assim como a convencional, a piscicultura orgânica tem importância econômica na medida em que gera renda para o meio rural, fixa o homem no campo, produz proteína animal de alta qualidade e com baixo custo, gera divisas através da exportação e auxilia no manejo ambiental de outras culturas. A agricultura orgânica cresce no mundo, em média, 20% ao ano. O Brasil é hoje o sexto produtor mundial neste segmento, ficando atrás de países como a Austrália, China, Argentina, Itália e Estados Unidos. Devido à maior conscientização do consumidor sobre a importância da utilização de técnicas de produção agrícola ambien talmente sustentáveis, vem aumentando a demanda por peixes criados com critérios de aqüicultura orgânica.------- Entretanto, a maior dificuldade para a expansão do setor traduz-se na obtenção de uma "ração orgânica" em escala comercial. Segundo o segmento industrial produtor de dietas animais, se hoje já é difícil assegurar um suprimento adequado de matéria-prima comprovadamente isenta de produtos geneticamente modificados, essa dificuldade é ainda maior quando se fala no fornecimento de ingredientes produzidos dentro dos critérios estabelecidos para a agricultura orgânica. É importante lembrar também que a matéria-prima orgânica tem um custo maior que a convencional, elevando o valor final das dietas comerciais e, conseqüentemente, dos organismos produzidos.------ A piscicultura orgânica é a criação de peixes com alimentos naturais, por exemplo: plâncton, nécton, bentos ou vegetais, ou com ração "orgânica", utilizando preferencialmente alevinos ou pós-larvas de cultivos "orgânicos". A normatização da atividade está inserida na Lei no 10.831/03 e Instrução Normativa no16/04 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Segundo documentos, esse tipo de produção deve conservar o ambiente e proteger os consumidores, proibindo-se o uso de terapêuticos sintéticos, produtos químicos e organismos geneticamente modificados. Esse seria o primeiro entrave para o cultivo do carro- chefe da piscicultura paulista, a tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), que hoje é produzida, em quase 100% dos casos, a partir de hibridização. Porém, segundo a Divisão de Inspeção de Pescado e Derivados (DIPES), do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), da Secretaria de Defesa Agropecuária/MAPA, quando tal processo ocorre através de um meio natural, não há impedimento nessa norma. Quando existir um obstáculo tecnológico, poderão ser usados métodos de reprodução que empreguem produtos não sintéticos, como é o caso da hipófise para peixes reofílicos.----- Figura 1. Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), o carro-chefe da piscicultura paulista-----
Respeitando-se os princípios da piscicultura orgânica, as unidades de produção não podem afetar o ambiente, sendo proibida a utilização de áreas de repouso de aves, migração e desova de peixes, manguezais etc., e devem estar a uma distância segura de fontes poluidoras e de outras unidades de produção convencional. O cultivo deve ser baseado nas condições naturais dos recursos hídricos, não se permitindo o uso de aeradores ou injeção de oxigênio na água com a finalidade de aumentar a capacidade de suporte do ambiente. Preferencialmente, a água que abastece o sistema deve ser originária de nascentes da propriedade ou de microbacias cobertas por vegetação nativa ou onde se pratique a agricultura orgânica.----- A produtividade natural pode ser aumentada com o emprego de fertilizantes orgânicos previamente aprovados; na sua ausência, é permitida a utilização de fertilizantes alternativos (por ex., compostos, húmus de minhoca etc.), preferencialmente de operações de cultivo extensivo, ou ainda adubos orgânicos curtidos (por ex., cama de frango alimentado com ração isenta de antibióticos ou resíduos de suínos ou bovinos "orgânicos"). Daí a possibilidade de integração da piscicultura orgânica com outras culturas, como a de suínos, cujo aproveitamento de resíduos se configura como uma alternativa para a fertilização de tanques de piscicultura orgânica. Para ser viável, é essencial que esse consórcio ocorra em regiões de concentração suinícola.------ Como principais fatores limitantes pode-se citar a não aceitação pelo consumidor, a inexistência de tratamentos adaptados para os efluentes e a ausência de um sistema de "Boas Práticas de Manejo (BPMs)" que garanta sustentabilidade ao sistema, bem como de informações sobre os impactos dessa atividade. O consórcio será viável a partir da realização de análises físicas, químicas e microbiológicas da água de cultivo e dos peixes produzidos, garantindo-se seus enquadramentos nos padrões estabelecidos pela "Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Alimentos (DINAL)" e pela Resolução CONAMA no 357, de 2005, que classifica os sistemas hídricos de acordo com seus usos.------ Deve-se priorizar o bem-estar das espécies cultivadas em todas as fases de produção e abate. Em caso de necessidade de tratamento, deve-se empregar, inicialmente, métodos naturais (por exemplo: controle físico - secagem, frio; uso de compostos inorgânicos atóxicos - sal, cal virgem; compostos orgânicos naturais atóxicos - ácido cítrico; substâncias naturais vegetais - alho, cravo, neem; e homeopatia de pó-de-pedra). O estoque deve ser originário de empreendimentos orgânicos; na ausência de comprovação da origem, permite-se a introdução de sementes convencionais, desde que elas adquiram pelo menos 90% de sua biomassa em regime orgânico.------ Sempre que possível deve-se promover o policultivo, que beneficia os indivíduos produzidos e promove a ciclagem de nutrientes, possibilitando a ocupação de diversos nichos no ambiente aquático. Um exemplo deste sistema é a criação da carpa-comum (Cyprinus carpio), das carpas chinesas: prateada (Hypophthalmichthys molitrix), capim (Ctenopharyngodon idella) e cabeça-grande (Aristichthys nobilis), e do jundiá (Rhamdia quelen) em consórcio com a rizicultura. Ele é muito interessante na medida em que suprime/reduz a dependência da utilização de agroquímicos na produção do arroz irrigado. A piscicultura entra como atividade paralela, elevando a rentabilidade da rizicultura, pois os peixes substituem as máquinas no preparo do solo, reduzindo em 40% a 50% os custos de produção; otimizando o uso do solo e da água, inclusive na entressafra do cereal, gerando receita em torno de R$ 3 mil/ha de espelho d'água, com uma produtividade em torno de 400 kg peixe/ha;e finalmente agregando valor de 10% a 15% ao arroz, que é vendido como orgânico. Como fator limitante cita-se a falta de informação para a adoção do sistema, principalmente no que diz respeito à densidade e época de estocagem dos animais, e de padronização dos tabuleiros de arroz, o que muitas vezes impede sua drenagem completa e, deste modo, a despesca total dos peixes.---------- Figura 2. Espécies que podem ser utilizadas em sistema de policultivo consorciado com a rizicultura. a) Carpa comum (Cyprinus carpio); b) Carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix); c) Carpa capim (Ctenopharyngodon idella); d) Carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis); e) Jundiá (Rhamdia quelen)
A exclusão de competidores/predadores deve ser feita sem causar injúrias aos mesmos, empregando-se telas, armadilhas etc. A alimentação deve suprir as necessidades dos organismos cultivados, evitando-se o desperdício. No caso de se empregarem rações certificadas, não se deve usar ingredientes apropriados para o consumo humano direto e ingredientes de origem animal da mesma espécie cultivada. O processamento e/ou armazenamento do pescado devem ser realizados somente em indústrias certificadas, não se permitindo o uso de conservantes sintéticos.------- Atenção especial é dada à geração de resíduos, também um grave problema para o sistema convencional e para a pesca extrativista. Recomenda-se que os subprodutos sejam reutilizados; se não for possível, deve-se descartá-los responsavelmente. É necessário também procurar reduzir o volume de efluentes gerados. Uma alternativa é a prática da recirculação da água, hoje restrita a universidades e centros de pesquisa, devido a seu alto custo, que torna proibitivo o valor do pescado produzido comercialmente.------- No caso de produção paralela orgânica/convencional, há um prazo máximo para a propriedade realizar a conversão. Todo pessoal envolvido na produção, processamento e comercialização devem receber treinamento sobre a fisiologia do cultivo orgânico. É um ponto essencial para a manutenção das características que envolvem este tipo de produção, uma vez que somente o produtor/funcionário engajado na causa "orgânica" será seu multiplicador. Neste caso deve-se também seguir as BPMs na segurança dos trabalhadores, envolvendo processos de treinamento, manutenção de máquinas agrícolas e sinalização dos riscos, bem como a correta disposição final de combustíveis e resíduos sólidos e a infra-estrutura para prevenir situações de emergência.------- A primeira conversão da aquicultura brasileira do sistema convencional para o orgânico aconteceu na indústria PRIMAR, localizada no Sítio São Félix, às margens do estuário da lagoa de Guaraíras, litoral oriental do estado do Rio Grande do Norte e pioneira no cultivo industrial do camarão marinho Litopenaeus vannamei. Anteriormente, a empresa praticava o monocultivo dessa espécie em tanques escavados. O processo de conversão durou 1,5 ano (um ano para as rações e mais seis meses para prevenir os efeitos de terapêuticos e produtos químicos). Atualmente, é realizado o policultivo sem drenagem dos tanques, permitindo a manutenção de sua produtividade natural. Os principais desafios econômicos para compensar a redução da produtividade do sistema, as despesas físicas e de pesquisa e desenvolvimento para introdução de novas espécies e a alteração dos sistemas de cultivo foram compensados pelo preço diferenciado agregado ao produto orgânico.------- ---Figura 3. Camarão marinho Litopenaeus vannamei-----
Em 2005, a PRIMAR lançou na BioFach América Latina (principal evento do setor orgânico na América Latina, onde os profissionais encontraram o "marketplace" ideal para promover seus produtos e serviços) a ostra orgânica, a primeira no mundo produzida com certificação internacional. Diante do exposto, conclui-se que a piscicultura orgânica se caracteriza como importante nicho de mercado, com grandes chances de expansão, uma vez que cresce continuamente o interesse mundial pelo pescado produzido sem compostos sintéticos ou dietas fabricadas a partir de matéria-prima geneticamente modificada.-------- Tanto o consumidor final quanto as redes de distribuição de alimentos têm sido responsáveis pelo aumento dessa demanda. Apesar de se constituir em um sistema ecologicamente correto e com um valor agregado superior ao do produto convencional, a piscicultura orgânica ainda esbarra em barreiras dentro de sua própria cadeia produtiva, como a ausência de alimento orgânico produzido em escala comercial e de um volume constante de pescado que abasteça as plantas processadoras certificadas, o que mantém ainda essa proposta em um estágio embrionário.------ As imagens dos peixes apresentadas foram obtidas a partir do site: http://www.fishbase.org/home.htm; a do camarão Litopenaeus vannamei, do site: http://www.broodstock.com/close0.jpg. Os selos das certificadoras orgânicas foram extraídos dos sites: www.kanoa.com.br/port/certificacoes.htm e www.chaovivo.com.br. As imagens "Tilápia orgânica" e "Produção de tilápia", a partir do site: ------ www.aquaculture.co.il/.../S_organic_Tilapia.html------ -----Para saber mais, consulte:----- - Criação Racional de Peixes: http://www.ceplac.gov.br/radar/Artigos/artigo14.htm------- - Manual sobre Manejo de Reservatórios para a Produção de Peixes. FAO/ONU 1988:----- http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P00.htmffTOC----- - Revista Panorama da Aqüicultura: http://www.panoramadaaquicultura.com.br------ - Arroz brasileiro :----- http://www.arroz.agr.br/site/index.ph

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ALIMENTAÇÃO NA CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES-REDE

Zootecnista Fábio Rosa Sussel, sussel@apta.sp.gov.br, pesquisador científico, 2008----- APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Médio Paranapanema, Nutrição de Peixes, Assis (SP)----- ------Histórico----- Apesar de o cultivo de peixes ser uma atividade milenar, constata-se que o fornecimento de dietas específicas para animais aquáticos ocorreu apenas nas últimas décadas. Há 25 anos, verificou-se, no Japão, a produção de alimentos balanceados em escala industrial para a carpa comum e a enguia, e, em alguns países da Europa e nos Estados Unidos da América, para o bagre do canal e salmão. Naquela época, pesquisadores desses países desenvolveram estudos visando à substituição, nas rações, da farinha de peixe e/ou da farinha de carne pela farinha de krill e por subprodutos do abatedouro avícola (penas e vísceras), farelo de soja e leveduras (Pezzato e Barros, 2005). Foi na década de 70 que a produção comercial de várias espécies de peixe começou a se expandir rapidamente, à medida que se disponibilizavam mais informações a respeito das exigências nutricionais de trutas, salmões e do catfish (Castagnolli, 2005).----- No Brasil, os primeiros registros de estudos relacionados a aspectos nutricionais de peixes aparecem em 1981 (SIMBRAQ, 1981), tendo como grande incentivador o professor doutor Newton Castagnolli. Entretanto, os cultivos iniciais de peixes, que eram realizados em tanques escavados, utilizavam como alimento sobras de outras culturas agrícolas.----- A idéia de utilizar "ração" surgiu da possibilidade de se adaptar as rações então utilizadas para aves ou suínos. Porém, tais rações não possuíam um balanceamento de nutrientes adequado para peixes, tornando-se ainda impróprios para outros organismos aquáticos, o que resultava em baixa eficiência de ingestão alimentar, alto aporte de nutrientes na água e desperdício das vitaminas e minerais. Mesmo com tais deficiências nutricionais e de manejo alimentar, observou-se que as respostas zootécnicas eram superiores, quando comparadas aos sistemas que utilizavam apenas restos de culturas agrícolas ou adubação orgânica da água.----- O primeiro grande passo para sanar parte das questões relacionadas ao uso de ração farelada no cultivo de peixes deu-se com a peletização das rações. Utilizando-se esse processo industrial, surgiram expressivas respostas para o desenvolvimento dos animais. Segundo Fancher (1996), peletização é a aglomeração de pequenas partículas, originando partículas maiores (denominadas "pelets"), através de um processo mecânico que combina umidade, calor e pressão, sendo necessário selecionar os ingredientes da dieta, que devem apresentar condições ideais para a produção de grânulos de alta qualidade nutricional e boa estabilidade na água. Alves (2007) destaca que a aglutinação dos ingredientes em forma de "pelet" é muito importante para minimizar as perdas sólidas e, também, as perdas de substâncias dissolvidas (nitrogênio e fósforo). Neste caso, não se reduz apenas a perda de nutrientes, mas também se aumenta a eficiência da ingestão do alimento. Outro ponto importante é que o processo industrial de peletização confere ao produto final uma melhor digestibilidade da parte energética da ração.------ Foi nessa fase da piscicultura que surgiram as primeiras rações formuladas especialmente para peixes. Isto já representou um avanço em termos de alimentação, apesar de as rações dessa época ser genéricas, ou seja, atenderem a várias espécies e várias fases da criação. Entretanto, um passo maior estava para ser dado, o que aconteceu através da possibilidade de extrusão das rações. De acordo com Kiang (1993), extrusão é o processo que utiliza alta temperatura e pressão, causando modificações físicas e químicas nos alimentos, provocando maior gelatinização do amido e exposição dos nutrientes contidos no interior das células vegetais à ação digestiva, melhorando, assim, a eficiência alimentar para os peixes. Complementando tal informação, Cheftel (1985) afirma que o processo de extrusão também engloba a inativação de vários fatores antinutricionais ou tóxicos.------ Ainda com relação a alterações da estrutura do alimento, Botting (1991) descreveu que a melhora na digestibilidade deve-se ao fato de que, no processo de extrusão, vários complexos protéicos podem ser desnaturados, o que torna a fração protéica mais susceptível à ação do processo digestório.------ Embora a extrusão resulte em aumento do custo final do produto, este custo adicional, em relação ao da dieta peletizada, acaba sendo compensado pela melhora na eficiência alimentar para os peixes e pela menor deterioração da qualidade da água, possibilitando um crescimento mais rápido do animal e um melhor aproveitamento dos nutrientes, reduzindo, com isto, os custos com alimento por unidade de peixe produzida (Kübitza, 1997).----- Kleemann (2006), comparando uma mesma fórmula com diferentes processamentos, extrusada x peletizada, observou que formas juvenis de tilápia-do-Nilo alimentadas com rações extrusadas obtiveram: ganho de peso 50% maior, taxa de conversão alimentar 40% mais efetiva e aumento na taxa de eficiência protéica em 36%.----- Além da melhoria do valor nutricional constatado com o processo de extrusão, há que se considerar também que a possibilidade de o peixe se alimentar na superfície da água proporciona maior eficiência na ingestão do alimento e, também, melhor controle no manejo alimentar, pois esse tipo de processamento permite um controle visual quanto ao apetite do peixe e a eventuais sobras da ração. Tais vantagens são de fundamental importância nos sistemas de criação intensiva.---- Fig. 1: Piscicultura em tanques-rede-----
Atualmente, como regra geral no Brasil, as rações para peixes atendem a exigências nutricionais de peixes confinados, agrupados pelo hábito alimentar - e.g. onívoro, carnívoro etc. (Cyrino et al, 2005). Essa distinção das diferentes rações para peixe ocorreu, concomitantemente, com o início do processo de extrusão das rações. É importante destacar que, dentro de cada um desses grupos, surgiram também rações específicas para as diferentes fases de criação.----- Atualmente, as rações extrusadas são largamente utilizadas no cultivo de organismos aquáticos, onde as indústrias do setor oferecem variados produtos. Segundo Alves (2007), nos últimos 15 anos, instalaram-se pelo menos 100 extrusoras no Brasil; destas, cerca de 70 produzem algum tipo de ração para peixes.--------- Apesar das significativas melhorias no desempenho zootécnico que as rações extrusadas proporcionam, observa- se que, quando comparados à produção de outros animais (aves e suínos, por exemplo), os peixes ainda podem ser mais eficientes no aproveitamento dos alimentos a eles fornecidos. Por outro lado, de modo geral, deve-se considerar que a alimentação/nutrição de animais terrestres é pesquisada e trabalhada há muito mais tempo, em comparação a organismos aquáticos.----- Faz-se necessário destacar que os dois fatores são distintos entre si, devendo-se considerar as influências e inter-relações que um exerce sobre o outro, seja no âmbito da pesquisa laboratorial, seja na adequação do manejo alimentar na piscicultura.------ -------------Alimentação x Nutrição------ Em uma definição objetiva, "alimentação" é a forma e o que o animal ingere, enquanto "nutrição" se relaciona ao que contém o alimento ingerido. Exemplificando: ração extrusada para peixes, pellet de 5 mm fornecida quatro vezes ao dia, diz respeito à alimentação. Já ração extrusada com 32% de proteína bruta (PB), 3.000 Kcal de Energia, 500 mg de vitamina C e etc., diz respeito à nutrição.----- No que se referem às exigências nutricionais, as pesquisas existentes são incipientes para responder quanto cada espécie necessita realmente. Em se tratando de organismos aquáticos, a pesquisa é um pouco mais complexa se comparada àquelas relativas a animais terrestres, dada a dificuldade da coleta das fezes. No entanto, novas metodologias de pesquisa estão sendo aplicadas, as quais, muito em breve, trarão resultados mais precisos sobre que nutrientes e em que quantidade as espécies realmente precisam.------- Fig. 2: Diferentes dietas utilizadas em pesquisas experimentais-----
Se o aumento da produtividade é a meta principal dos nutricionistas, a formulação de dietas de impacto ambiental mínimo deve ser fundamental, uma vez que a má qualidade da água nos sistemas de produção afeta negativamente o desempenho dos peixes e, por consequência, a produtividade e rentabilidade dos sistemas (Beveridge e Phillips, 1993; Tacon e Forster, 2003), citados por Cyrino (2005).----- Complementando tal informação, destaca-se que não somente o valor biológico (digestibilidade) de uma ração garantirá o sucesso da atividade, mas sim a correta alimentação dos peixes. Portanto, nota-se que realmente esses dois fatores precisam ser trabalhados juntos.------ -------Alimentação e Interação com o Ambiente de Cultivo------ Os hábitos alimentares e as dietas dos peixes não só influenciam diretamente seu comportamento, integridade estrutural, saúde, funções fisiológicas, reprodução e crescimento, mas também alteram as condições ambientais do sistema de produção - qualidade da água. Portanto, a otimização do crescimento dos peixes só pode ser alcançada através do manejo concomitante da qualidade da água, nutrição e alimentação (Cyrino et al., 2005).----- Quando o ambiente de cultivo encontra-se inadequado para o cultivo, por falhas no manejo e na nutrição, ocorrem algumas implicações. Situações onde parte da ração não é digerida ou não consumida podem levar à excessiva eutrofização do meio ambiente (Furuya, 2007). Uma primeira consequência de alterações indesejáveis decorrentes da má qualidade da água é o estresse nos peixes, o que aumenta concentrações de cortisol plasmático (Espelid et al., 1996; Harris e Bird, 2000; Quintana e Moraes, 2001), hormônio que induz imunossupressão (Urbinati e Carneiro, 2004) e reduz a resistência dos animais a infecções bacterianas e fungais, efeito explicado em parte pela diminuição da quimiotaxia, da fagocitose e da produção de óxido nitroso por leucócitos, atividades importantes nas respostas inflamatórias (Quintana e Moraes, 2001; Harris e Bird, 2000), citados por Cyrino (2005).----- -----Taxa de Alimentação----- Este item é muito importante no cultivo de organismos aquáticos. O fato da impossibilidade de se visualizar e determinar a quantidade exata de animais alojados causa erros de estimativa da biomassa total e, por conseguinte, erros na quantidade dia/alimento a ser fornecida. Como regra geral, não se recomenda para peixes uma quantidade de alimento até a saciedade. Preconiza-se o fornecimento de uma quantidade 10% inferior à necessária, para que o peixe cesse a alimentação.------ Porém, tal manejo é de difícil aplicação. Neste caso, o mais indicado é estabelecer uma taxa de arraçoamento proporcional à biomassa.------- Os valores de taxa de arraçoamento encontrados na literatura já consideram certa quantidade inferior ao da saciedade dos peixes. A taxa de arraçoamento representa a quantidade de ração fornecida aos peixes. A determinação dessa taxa deve associar o ganho de peso, a conversão alimentar, o retorno econômico e a qualidade da água. A subalimentação piora o desempenho sem comprometer a qualidade da água, enquanto o excesso de ração pode comprometer o desempenho de forma direta, piorando a conversão alimentar e, indiretamente, a redução na qualidade da água (Furuya, 2007).----- É sabido que o fornecimento de uma alta taxa de alimentação conduz a ineficiência do metabolismo digestivo e provoca também a deterioração da qualidade da água, enquanto uma subalimentação causa uma grande competição pelo alimento, dando origem a uma sensível variação no tamanho dos peixes e, conseqüentemente, a um baixo índice de crescimento (Castagnolli, 1979).------ Considerando que a taxa de arraçoamento influencia diretamente o crescimento e a eficiência alimentar de uma espécie, o estudo das necessidades nutricionais de peixes deve ser conduzido em termos da melhor taxa de arraçoamento possível, evitando mascarar as necessidades dos nutrientes (TACON & COWEY, 1985).----- O consumo de alimento de um organismo animal diminui proporcionalmente ao seu peso à medida que ele cresce; tal redução é especialmente maior durante as fases iniciais de desenvolvimento, onde as taxas de crescimento diário são mais elevadas (Brett, 1979). Assim, é importante avaliar a quantidade de alimento necessário para o cultivo de qualquer espécie, desde a fase larval até o momento da despesca.------- Ajustes quinzenais na taxa de arraçoamento, em função das biometrias, contribuirão bastante para tal melhoria.------ -------Taxa de Alimentação x Apetite dos Peixes------- Diferentemente da maioria dos animais de produção terrestres, os peixes são pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal acompanha as oscilações da temperatura ambiental. Tal fator interfere principalmente no apetite dos peixes. Neste caso, observar diariamente o ímpeto dos peixes na busca do alimento ajudará bastante nos ajustes diários da taxa de alimentação.------ Além da temperatura da água, fatores como: luminosidade, pressão atmosférica e transparência, dentre outros, interferem na disposição dos peixes para o alimento. Assim, é aconselhável ter como premissa que, não somente porque se estabeleceu uma quantidade/dia para o arraçoamento, necessariamente esta quantidade deva ser fornecida. Se, ao lançar as primeiras quantidades de ração, os peixes mostrarem pouco apetite, simplesmente não se deve lançar toda a quantidade pré-determinada, pois, caso contrário, o excedente da ração entra no custo final da produção e ainda contribui para a deterioração da qualidade da água.------ -----Fig. 3: Peixes em tanque-rede recebendo alimentação
---------Frequência Alimentar---------- Nem sempre rações com alto valor nutricional e adequada taxa de arraçoamento representam garantia de bom desempenho zootécnico. Quando isto ocorre, o primeiro teste com vistas à obtenção de melhores resultados são os ajustes na freqüência alimentar. Fracionar a quantidade diária a ser fornecida possui implicações diretas na eficiência alimentar. Além do mais, as perdas metabólicas de nitrogênio podem ser minimizadas pela redução do intervalo de arraçoamento (Rodehutscord et AL., 2000). Por outro lado, esta técnica pode acarretar um aumento de custos com mão-de-obra. Entretanto, tal aumento de custo se paga com a consequente redução da conversão alimentar. Segundo Furuya (2007), é importante a freqüência de arraçoamento para melhorar a conversão alimentar, onde cerca de 90% do alimento fornecido é consumido durante um período máximo de 15 minutos após o fornecimento, sendo que o aumento na frequência de arraçoamento está associado ao aumento na uniformidade do lote e à melhoria da conversão alimentar.---- Para a tilápia-do-Nilo, a taxa e frequência de arraçoamento são influenciadas pelo peso do peixe e pela temperatura da água. Assim, para maximizar a utilização da ração e reduzir a quantidade de resíduos não consumidos ou não digeridos, é importante a maior freqüência de arraçoamento (Furuya, 2007).------ ----------Alimentação x Rações Disponíveis--------- O fato de ainda inexistir uma ração específica para as diferentes fases das diversas espécies cultivadas compromete o êxito de uma criação comercial. A maioria das rações para peixes disponíveis no Brasil é formulada com base nas preferências alimentares. Neste caso, encontram-se rações denominadas para peixes onívoros recomendadas para tilápia, pacu, piau, curimba, matrinxã, carpa e etc. A outra opção são as rações para peixes carnívoros recomendadas para pintado, dourado, pirarucu, traíra, "catfish" e truta, dentre outros. Particularmente no que se refere ao cultivo de peixes em tanque-rede, diante da ausência de ração específica para cada espécie, cabe ao piscicultor escolher rações de fabricantes idôneos, pois o alimento deve ser nutricionalmente completo, suprindo todas as exigências nutritivas dos peixes, pois esses animais estão submetidos a uma condição única de adensamento e interação social intensa, não sendo capazes de se deslocar para outras áreas de maior conforto em situações de inadequada qualidade da água. Os peixes confinados têm acesso restrito ao alimento natural disponível no ambiente. É importante salientar que o Brasil possui excelentes fábricas, excelentes formuladores e uma vasta opção de ingredientes a serem utilizado em rações para peixes. Porém, para se colocar no mercado um produto "espécie-específico", dois fatores tornam-se fundamentais: o estabelecimento das exigências nutricionais da espécie e a demanda de mercado. No caso da tilápia, espécie atualmente mais cultivada no Brasil, isto já está muito perto de acontecer.----- --------Tratador------ De modo geral, o que se observa nas pisciculturas é que o item alimentação fica por conta do tratador. Neste caso, é desejável que o tratador seja um bom observador, pois dele dependerá a saúde e o desenvolvimento adequado dos peixes. Observa-se que esse funcionário deve ser devidamente treinado para a função, porém, na prática, isto nem sempre se verifica. As consequências são altos valores de conversão alimentar e o comprometimento da qualidade da água. Uma forma de resolver tal deficiência é remunerar o empregado com base nos índices de produtividade. Essa prática garante uma receita extra tanto para o funcionário como para o proprietário, e, ainda, a melhoria do ambiente de cultivo.------ -------Conclusões-------- Observa-se, portanto, a primordial necessidade de o produtor dispor de mais informações sobre a alimentação dos peixes, visando à melhores índices zootécnicos. Por outro lado, a experiência mostra não estar disponível ainda um alimento nutricionalmente completo. Considerando a significativa importância dos itens "alimentação" e "nutrição" nos sistemas produtivos, conclui-se que será mais eficiente o produtor que possuir maiores conhecimentos sobre as variáveis que interferem em tais parâmetros e que optar pela decisão técnica mais adequada.------- -----Referências Bibliográficas------- ALVES, J.M.C. A indústria de ração no Brasil: interface com a pesquisa. In: Palestra II Simpósio de Nutrição e Saúde de Peixes, Unesp Botucatu,SP. Anais... Botucatu: Aquanutri, Cd-rom. 2007. Botting, C.C. Extrusion technology in aquaculture feed processing. In: Proceedings of the aquaculture feed processing and nutrition workshop (Akiyama, D.M. & Tan, R.K.H.), pp. 129- 137, Thailand and Indonesia, 19-25 September 1991. American Soybean Association, Singapore, Republic of Singapore. 1991. CASTAGNOLLI, N. Fundamentos da nutrição de peixes. São Paulo, Ed. Livroceres, 107 p. 1979. CASTAGNOLLI, N. Nutrição de peixes e o desenvolvimento da aqüicultura. In: Palestra I Simpósio de Nutrição e Saúde de Peixes, Unesp Botucatu,SP. Anais... Botucatu: Aquanutri, Cdrom. 2005. Cheftel, J.C. Nutritional effects of extrusion-cooking. Food chemistry, v.20, p.263-83. 1986. CYRINO, J.E.P., BICUDO, A.J.A., SADO, R.Y., BORGHESI, R., DAIRIKI, J.K. A nutrição de peixes e o ambiente. Palestra. In: I Simpósio de Nutrição e Saúde de Peixes, Unesp Botucatu,SP. Anais... Botucatu: Aquanutri, Cd-rom. 2005. FANCHER, B.I. Feed processing using the annular gap expander and its impact on poultry performance. Journal Appli Poultry Res., Athens, v. 5, n. 4, p. 386-394. 1996. FURUYA, W. M. Redução do impacto ambiental por meio da ração. In: Palestra VII Seminário de Aves e Suínos - AcesuiRegiões. III Seminário de Aqüicultura, Maricultura e Pesca. Anais... Belo Horizonte-MG. p. 121-139. 2007. KIANG, M.J. La extrusion como herramienta para mejorar el valor nutritivo de los alimentos. In: Simposium Internacional De Nutrición Y Tecnología De Alimentos Para Acuacultura. Nuevo León. Anais... Nuevo León: Universidad de Nuevo León. 1993, p. 415-429. 1993. KLEEMANN, G. K. Farelo de algodão como substituto ao farelo de soja, rações para tilápia do Nilo. Tese Doutorado. Universidade Estadual Paulista - FMVZ, Botucatu, SP 60 p. 2006. KUBITZA, F. Qualidade do alimento, qualidade da água e manejo alimentar na produção de peixes. In: Simpósio Sobre Manejo E Nutrição De Peixes, Piracicaba. Anais... Piracicaba: CBNA, 1997, p. 63-101. 1997. PEZZATO, L.E. BARROS, M.M. Nutrição de peixes no Brasil. In: Palestra I Simpósio de Nutrição e Saúde de Peixes, Unesp Botucatu,SP. Anais... Botucatu: Aquanutri, Cd-rom. 2005. RODEHUTSCORD , M., BORCHERT, F., GREGUS, Z. Availability and utilization of free lysine in rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Aqucaculture, Amsterdam, v. 187, p. 177-1883, 2000. URBINATI, E.C., CARNEIRO P.C.F. Práticas de manejo e estresse dos peixes em piscicultura. In/Tópicos Especiais em Piscicultura de Água Doce Tropical Intensiva. Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática, Jaboticabal (SP), p. 171-193, 2004.

A IMPORTÂNCIA DO FÓSFORO NA PRODUÇÃO AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL EM AQUICULTURA

Cacilda Thais Janson Mercante, Júlio Vicente Lombardi e Clóvis Ferreira do Carmo, pesquisadores científicos do Instituto de Pesca, www.pesca.sp.gov.br--- O fósforo é elemento essencial para a manutenção da vida de todos os organismos, inclusive os aquáticos.--- No cultivo intensivo de peixes, grande parte dos problemas de qualidade da água se deve ao uso de alimentos de má qualidade e de estratégias inadequadas de alimentação. A incidência de doenças e parasitoses aumenta quando se reduz a qualidade dos alimentos e da água, podendo causar significativas perdas durante o cultivo. Em relação às questões ambientais, há de se considerar também que um dos fatores responsável pela degradação da qualidade das águas dos rios é a falta de tratamento de efluentes lançados em seu percurso.--- Estudos apontam que as atividades voltadas à aquicultura produzem e lançam efluentes com elevadas quantidades de fósforo, contribuindo para o processo de eutrofização dos corpos d'água [tipo de poluição aquática causada por excesso de nutrientes, que pode acarretar crescimento descontrolado de plantas aquáticas tais como o fitoplâncton (algas microscópicas)]. Dentre esses estudos destacam-se aqueles desenvolvidos pelo Instituto de Pesca [vinculado à APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo] nos últimos anos, financiados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Eles enfocaram a ecotoxicologia da água doce de viveiros de peixes, rãs e camarões, e aspectos limnológicos como concentração de nutrientes e valores de pH, temperatura e turbidez, dentre outros.--- As figuras a seguir mostram a fase 1, em que o ambiente aquático se encontra em equilíbrio; a fase 2, evidenciando a entrada de alimentos compostos principalmente por nitrogênio e fósforo, dos quais parte é consumida por peixes e parte fica na água em forma de resíduos. A fase 3 representa um intenso processo de eutrofização, no qual o crescimento descontrolado do fitoplâncton acarreta mortandade de peixes devido à redução do teor de oxigênio dissolvido na água, principalmente do anoitecer até as primeiras horas da manhã, resultante da respiração dos organismos aquáticos. O Artigo no 24 da Resolução CONAMA 357/2005 estabelece: "Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis". Portanto, nas atividades voltadas à aquicultura é necessário levar-se em conta a implantação de sistemas de tratamento de seus efluentes, além de um manejo ambientalmente sustentável, considerando, dentre outros aspectos, a qualidade e a quantidade do alimento fornecido. Bibliografia indicada:--- ARANA, L.V. Princípios químicos da qualidade da água em aquicultura, São Carlos, ed. UFSC, 1997: 166p.--- CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução no 357, de 17 de março de 2005. Classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. http://www.lei.adv.br/020-86.htm, 02/05/2005.--- ESTEVES, F.A. Fundamentos de Limnologia. 2a edição, Interciência, Rio de Janeiro, 1998: 602p.--- KUBTIZA, F. Qualidade da água na produção de peixes. 3a edição, CIP - USP, rev. Jundiaí, 1999: 97p.--- UNEP-IECT. Planejamento e gerenciamento de lagos e represa: uma abordagem integrada ao problema de eutrofização. RiMa ed. São Carlos, SP, 2001: 385p.----- fase 1----
fase 2----
fase 3----

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Produção de tilápias cresce na Bahia

11/01/2012---
A Bahia já ocupa a quarta colocação no ranking dos maiores produtores de tilápias cultivadas no país e com isso consegue ganhar expressividade na atividade. Os polos de cultivo e processamento se multiplicam no país e por ser um peixe originalmente de água doce, no estado baiano a tilápia é criada em diversas regiões, sendo as mais representativas em represas e nos estuários, área em que a água do mar se mistura à água de rio. Como atividade econômica, a piscicultura surgiu na Bahia em meados da década de 90 justamente para suprir o grande déficit de oferta de pescado que existia. Atualmente, a produção baiana está estimada em 35 mil toneladas por ano e é uma atividade de grande potencial de desenvolvimento e inclusão econômica. Diante do crescimento ocorrido na piscicultura baiana nos últimos anos, a relação de oferta e demanda por pescados ainda apresenta-se deficitária, indicando exatamente que a atividade encontra-se em fase inicial. Quando em 2005, o Estado produziu 77.890 toneladas e consumiu em torno de 105.110 toneladas, tornou-se evidente a existência de um mercado significativo a ser atendido. Com o objetivo de melhorar os índices produtivos e econômicos da piscicultura, elevando o grau de viabilidade e o potencial de capitalização dos empreendimentos, o SEBRAE Bahia, em parceria com o governo do estado, através da Bahiapesca, implantaram o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Tilápia. As ações consistem na capacitação técnica, conhecimento sobre manejo do peixe, uso adequado de ração, entre outros, para desenvolver estratégias comerciais, facilitar o acesso à tecnologia para o micro, pequeno e médio produtor, capacitação em gestão, além de promover a cultura cooperativa e apoiar na estruturação das unidades de beneficiamento. O cultivo de tilápias possibilita também obter vários produtos derivados, agregando valor à atividade. Os filés, in natura ou congelados, despontam como os produtos mais conhecidos e que podem ser encontrados em supermercados, peixarias e restaurantes. A carne que sobra na carcaça, depois de extraído o filé, é denominada aparas de tilápias. Com a mesma qualidade nutritiva que o filé, podem ser utilizadas e vendidas para empresas públicas e privadas para produção de alimentos. Utilizando despolpadeiras é possível aproveitar totalmente as aparas. A pele curtida pode ser matéria-prima na confecção de bolsas e acessórios, enquanto as sobras, isto é, pedaços de pele, cabeça, espinhas podem ser transformadas em farinha e óleo de peixe (biodiesel) e servir de ração para criação de alevinos. fonte: http://www.sebrae.com.br

Produção de tilápia, ótimo investimento.

29/11/2011 Devido ao conjunto de técnicas adotadas na criação de tilápias, estas se destacam na piscicultura nacional e permitem elevada produtividade, quando comparadas a outras espécies de peixes. Além disso, o mercado consumidor para esse peixe está em expansão, permitindo que novos produtores possam ingressar na atividade, sem que isso resulte em queda no preço da carne. Segundo o engenheiro de pesca Taciano Cézar Freire Maranhão, chefe do Centro de Pesquisa em Aquicultura do Instituto Ambiental do Paraná, “a perspectiva para tilápia é muito boa. Hoje, o mercado mundial encontra-se com falta de pescado muito grande. Estima-se que só de pescado de água doce, o mercado americano apresenta uma demanda de 50.000 toneladas de tilápias. No Brasil, São Paulo e Minas Gerais apresentam um déficit de mais ou menos 12.000 e 6.000 toneladas de peixe de água doce, respectivamente”. Atualmente, a população brasileira não tem o hábito de comer peixe, a média de consumo está na faixa 6,5 kg, enquanto, no Japão, esse valor é de 17,0 kg/pessoa. Porém, os investidores empresários que tiverem aptidão para produção de tilápia, não vão se deparar com problemas de mercado. Mas, quando visarem a um mercado extra-estadual, ou à exportação, devem montar estruturas básicas que permitam a expansão da produção e da comercialização. Os estados do sul do Brasil e os países vizinhos, como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai são mercados em potencial, pois, devido às características de clima local, eles dificilmente terão o filé da tilápia sendo produzido em larga escala nos próprios países. Fonte: portalagropecuario.com.br

Potencial do uso da parte aérea da mandioca na alimentação de tilápias

21/12/2011 A ração é um dos itens mais representativos para determinação do custo total de produção na piscicultura. Com os sucessivos aumentos dos alimentos convencionais utilizados para a fabricação de ração para peixes, subprodutos e coprodutos da agroindústria podem ser uma alternativa para diminuir o preço deste insumo. No entanto, para que o alimento alternativo apresente potencial de utilização é necessário que apresente baixo custo, volume de produção, disponibilidade regional, e que não prejudique o desempenho do animal. Nesse último caso é recomendável o amplo conhecimento das características nutricionais, aproveitamento de nutrientes e outros fatores presentes no alimento que possam interferir no desempenho animal. O Brasil é um grande produtor de mandioca, com o cultivo distribuído de Norte a Sul. Além da característica nutricional, como reconhecida fonte de alimento humano e animal, a mandioca apresenta grande importância econômica e social em muitas regiões. Para alimentação animal, alguns subprodutos do processamento da raiz, tais como raspa, casca, apara, farelo de varredura, além da parte aérea são utilizados principalmente para alimentação de bovinos e caprinos em diversas propriedades rurais. Apesar de a parte aérea apresentar alto teor protéico, alguns compostos presentes principalmente na folha, desencadeiam a formação de ácido cianídrico que é tóxico ao animal e, portanto, este material deve ser processado de maneira adequada. A secagem é uma forma simples e eficiente de eliminar a toxidez e pode ser facilmente aplicada nas propriedades rurais, tanto diretamente ao sol, quanto à sombra. Apesar de existirem algumas recomendações do uso da parte aérea da mandioca para ruminantes, poucas informações com embasamento científico estão disponíveis para peixes. Considerando essas questões, pesquisas foram conduzidas no Laboratório de Piscicultura da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) com a finalidade de avaliar a secagem da parte aérea da mandioca e identificar o melhor processamento do ponto de vista prático, aliando o melhor aproveitamento do conteúdo nutricional para tilápias. Resultados preliminares indicam que a secagem à sombra foi eficiente para reduzir os compostos tóxicos e melhorar o aproveitamento da parte aérea. Além disso, é possível substituir parte do farelo de soja pela parte aérea da mandioca sem interferências no desempenho da tilápia, o que geraria uma redução de custo da ração. Contudo, a validação dos resultados a campo, assim como aprimoramentos no processo de obtenção e secagem, ainda são necessários para utilização em escala comercial, no entanto, os resultados experimentais já demonstram o alto potencial de uso da parte aérea da mandioca para alimentação da tilápia e de outras espécies. Autor: Hamilton Hisano-Zootecnista Embrapa Agropecuária Oeste

Importância da Ambiência no transporte de alevinos de tilápia

23/01/2012 | A técnica de reversão sexual usada na produção de alevinos de tilápias exige planejamento, instalações apropriadas e mão-de-obra treinada. Este fato limita muito a adoção desta prática por alguns produtores menos tecnificados, mas por outro lado, contribui para a inserção de profissionais qualificados no mercado da tilapicultura, uma atividade em franca ascensão no Brasil. Dentre os muitos detalhes envolvidos neste processo, destaca-se a importância do monitoramento de alguns fatores, tais como a temperatura da água durante o transporte dos alevinos até seu destino final. Devido a grande importância do transporte de alevinos na piscicultura, protocolos para redução do estresse têm sido desenvolvidos, dentre os quais se destacam as pesquisas envolvendo o controle da temperatura da água. Durante o transporte, a temperatura da água deve estar dentro dos limites tolerados pela espécie a ser transportada. Para a maioria dos peixes tropicais, temperaturas da água entre 22 e 26°C são recomendadas. Temperaturas acima de 26°C aumentam excessivamente o metabolismo e a atividade dos peixes resultando em maior consumo de oxigênio e excreção de metabólitos tóxicos (amônia e gás carbônico) e resíduos fecais na água. Desta forma, quanto maior a temperatura da água, menor deverá ser a carga de peixes a ser transportada nos tanques, caixas ou embalagens de transporte. Geralmente o transporte de alevinos é realizado em sacos de polietileno, não somente pelo seu baixo custo como também pela sua praticidade. Mas é preciso atentar para alguns fatores, tais como espessura do plástico e sua dimensão, pois caso não seja apropriado o mesmo poderá ser perfurado devido à pressão exercida durante o seu fechamento. Para não correr nenhum risco, o ideal é que o plástico tenha até 1 mm de espessura. A temperatura da água também influencia na determinação do tempo de jejum aplicado aos alevinos antes de serem transportados, pois dependendo da temperatura verificada logo após o agendamento da viagem, os peixes deverão ser submetidos a um tempo de jejum devidamente ajustado. Em temperaturas consideradas favoráveis à tilápia, recomenda-se um jejum mais prolongado em peixes adultos (de 48 a 72 horas) e mais curtos para alevinos (de 24 a 48 horas) e pós-larvas (de 12 a 24 horas). A adoção de jejum antes do transporte faz com que os peixes limpem o trato digestivo, reduzindo o consumo de oxigênio; excretem menos amônia e gás carbônico na água; tolerem melhor o manuseio e apresentam maior sobrevivência após o transporte. Com o trato digestivo vazio, os peixes também não sujam a água com suas fezes, reduzindo assim a carga bacteriana na água e o risco de infecções durante o transporte. Já com relação ao uso de anestésicos para os peixes durante o transporte, sabe-se que quanto maior a temperatura da água mais rápida será seu efeito. Além disso, quanto maior a temperatura da água, menor deverá ser a dose necessária para sedar os peixes e menos duradoura será o efeito da sedação. Porém, alguns pesquisadores afirmam que o uso dos anestésicos pode causar a inserção dos mesmos na musculatura dos peixes, por isso não é muito recomendada a utilização destes produtos em peixes destinados ao abate e processamento (resfriamento, congelamento, evisceração e/ou filetagem). Uma medida muito utilizada como regulador de temperatura da água durante o transporte de alevinos é a adição de gelo na água, principalmente quando o transporte acontece nos períodos mais quentes do dia. Inclusive a utilização do gelo na água também permite transportar uma quantidade maior de peixes. O recomendado é colocar de forma gradativa o gelo nos tanques ou nas embalagens de transporte e seguir com um acompanhamento da temperatura da água durante o trajeto, até o destino final. Os materiais utilizados na confecção dos tanques ou caixas de transporte também são considerados extremamente importantes, pois exercem uma grande influência na temperatura da água durante o transporte dos alevinos. Recomenda-se que a parte interna das paredes dos tanques seja revestida com materiais isolantes térmicos, como isopor ou madeira. É aconselhável, em períodos quentes, que o tanque seja coberto por uma camada isolante de no mínimo de 5 cm com estes materiais mencionados e que as paredes externas sejam de coloração clara, para minimizar o aquecimento da água dentro dos mesmos. Durante a colocação de água e enchimento dos tanques de transporte, a temperatura deverá estar entre 1° ou 2 °C abaixo da temperatura da água de onde os peixes serão retirados. Além disso, devem-se verificar as condições de temperatura da água no local da entrega antes de descarregar os peixes, caso haja diferenças, os tanques ou caixas de transporte deverão ser cuidadosamente preenchidos com a água do destino até que a temperatura fique semelhante. Pós-larvas e alevinos podem não tolerar choques térmicos maiores que 1 °C de diferença de temperatura da água. Bombas de água portáteis ou fixas no caminhão de transporte podem ser de grande utilidade para o ajuste da temperatura e dos demais parâmetros químicos da água (oxigênio dissolvido, ph e salinidade), visto que muitos pesqueiros e piscigranjas não possuem bomba de água próxima ao local de descarga. A adição de sal na água de transporte permite igualar o gradiente osmótico entre a água e o plasma do peixe, fazendo com que haja uma redução na difusão de íons para água, permitindo que o peixe mantenha suas funções vitais em harmonia, não comprometendo a sua saúde. O sal também estimula a secreção de muco sobre o epitélio branquial, dificultando a passagem de íons através das membranas celulares. Além de reduzir o estresse, o sal também tem efeito profilático, sendo indicada para o tratamento de fungos, infestação de parasitas, infecção branquial de origem bacteriana, entre outras. Não se pode esquecer que alevinos bem produzidos e bem nutridos toleram mais as situações de estresse térmico e hipoxia (baixa concentração de oxigênio), pois em alguns momentos nas operações de transporte há eventualidades que podem comprometer toda a carga de alevinos transportados e somente o bom condicionamento do peixe é o que irá determinar sua sobrevivência. No Brasil, considera-se o transporte de peixes vivos uma fonte de renda. Além disso, percebe-se que os produtores têm investido de forma considerável na compra de equipamentos e adaptação de seus caminhões para realização deste transporte de maneira mais técnica. No entanto, apesar deste investimento, muitos não seguem à risca os mínimos cuidados necessários durante esta operação, isso certamente devido a falta de pesquisa direcionada a esta importante etapa e sem dúvida nenhuma também pela falta de acesso do produtor a informações técnicas especificas na área. Fonte: http://www.diadecampo.com.br

Cultivo de Tilápias em tanques-rede

15/12/2011 O cultivo em tanques-rede é um sistema de produção intensivo. Os peixes são confinados em altas densidades, dentro de uma estrutura onde os animais recebem ração balanceada, e que permita uma grande troca de água com o ambiente. A alta taxa de renovação de água dentro do tanque-rede é o principal fator que viabiliza a alta densidade populacional e a produção de uma grande biomassa de peixes por unidade de volume (50 a 250 kg/m3), já que supre a elevada demanda por oxigênio e remove os dejetos produzidos. Dentre as vantagens do cultivo de peixes em tanques-rede podemos citar: • Menor custo de implantação em comparação com sistemas de cultivo intensivo em viveiros escavados; • maior facilidade e rapidez na montagem da infra-estrutura de produção; • maior facilidade e rapidez para expansão da capacidade de produção; • maior facilidade de controle e monitoramento do processo de cultivo; • maior facilidade e controle no processo de despesca; • maior proteção contra predadores naturais; • aproveitamento de ambientes de grandes lagos e barragens; dispensando desmatamento de áreas e movimentações de terras, evitando processos de erosão e assoreamento de rios e lagos. E as desvantagens: • Menor possibilidade de correção dos parâmetros químicos e físicos da água; • O regime alimentar pode ser feito apenas com ração. Seleção de locais para a instalação dos tanques-rede De um modo geral, os corpos d’água mais adequados para a instalação de um projeto de piscicultura em tanque-rede são os lagos, as represas e as barragens. A qualidade da água nesses ambientes é um fator decisivo para o sucesso do empreendimento. Obviamente é impraticável corrigir a qualidade e as características físicas e químicas da água nesse tipo de ambiente aquático, diferentemente de cultivos em viveiros escavados onde é possível, através de adubação, aeração e outras técnicas, corrigir os parâmetros físico, químicos da água e torná-la mais adequada ao cultivo . Por isso, a escolha do local para cultivos de alevinos em tanques rede, é sem dúvida, a etapa mais importante no processo de implantação do empreendimento.

Couro de tilápia para calçados

Publicado: 26/10/2011 O polo de calçados de São João Batista, em Santa Catarina, prepara-se para introduzir em seus produtos couro de tilápia. São João Batista é o quarto maior parque calçadista do país, especializado na confecção de produtos femininos, que emprega cerca de mil trabalhadores. O diferencial do couro de tilápia está sendo trabalhado por técnicos das Unidades de Agronegócios e de Indústria do Sebrae. A intenção é promover parcerias semelhantes com os criadores de animais silvestres, como jacarés do Pantanal, de cabras e ovelhas. Fonte: http://revistagloborural.globo.com

Água de esgoto tratada será reutilizada na criação de peixe

Piauí inova na piscicultura 26 de Janeiro de 2012 - Governo do Estado do Piauí por Rosalina Ferreira Um estudo inédito no Piauí está reutilizando as águas provenientes do esgoto doméstico tratado na criação de peixes. Trata-se da pesquisa “Unidade experimental para o reuso de esgoto doméstico tratado em lagoas de estabilização aplicado na piscicultura”, do engenheiro civil e sanitarista Cleto Augusto Baratta Monteiro, professor do Departamento de Recursos Hídricos do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Piauí. Esse tipo de experiência científica já foi testada em outros estados brasileiros como Ceará e Santa Catarina e até em outros países, em escala comercial, como no caso do Peru, onde se produz toneladas de peixes a partir dos esgotos domésticos tratados. O ineditismo da experiência do professor Cleto Baratta, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFPI, é que é feita, pela primeira vez, numa região semi-árida. O estudo é objeto da tese de doutorado em Saneamento Ambiental que o professor Cleto Baratta está concluindo na Universidade Federal do Ceará. “Ao promover a pesquisa, a Agespisa demonstra preocupação com a preservação do equilíbrio ambiental”, opina o professor. A preocupação da companhia de abastecimento não é à toa: se as águas servidas coletadas nas residências de Teresina mesmo depois de tratadas são agressivas para os peixes criados nos tanques, serão agressivas para o rio, para onde são devolvidos os esgotos tratados nas lagoas de estabilização das estações de tratamento da Agespisa. Esses resultados, chamados de bioindicadores, demonstram que os esgotos tratados estão dentro dos padrões internacionais. Foram demonstrados a partir de análises dos tecidos da pele, músculo e brânquias dos peixes. A análise microbiológica é feita para detectar a existência de salmonela, coliformes e estafilococos. A unidade experimental funciona na Estação de Tratamento de Esgoto da Agespisa, localizada no bairro Ininga, zona leste da capital. Os alevinos da espécie Tilápia do Nilo foram adquiridas do DNOCS e são criados em 18 tanques. A pesquisa foi iniciada em dezembro de 2009 e encontra-se na sua terceira versão. Fonte: 180graus

REVOLUÇÃO AZUL

A chamada revolução azul não é tão explosiva quanto as outras. Sem fazer alarde, vai-se implantando aos poucos e ocupando espaços. Revolução azul é o nome que se deu ao crescimento da produção de pescados, numa alusão à revolução verde, do final da primeira metade do século passado, que multiplicou as colheitas com novas tecnologias, especialmente os fertilizantes. No Brasil, a criação de tilápias é o movimento mais importante da revolução azul. A liderança na produção já foi ocupada por vários estados e atualmente está no Nordeste. O mais importante, porém, é que em nenhuma região a produção encolheu. Novas áreas de cultivo, com novas tecnologias, fizeram com que outras regiões passassem a produzir mais. A novidade tecnológica de maior destaque atualmente é o aperfeiçoamento dos sistemas de produção em tanques-rede de grandes volumes, também conhecidos como plataformas. Houve ajustes na densidade de estocagem de peixes, avanços na nutrição e a adaptação de um modelo importado: o tanque-rede feito de polietileno de alta densidade (PEAD) com volume de 240 m3. Trata-se do mesmo equipamento utilizado no cultivo do salmão no Chile. A atividade também vem se expandindo geograficamente. Novos corpos de água vêm sendo explorados em diferentes regiões. Os locais preferidos são aqueles em que as temperaturas não caiam muito no inverno. Esse é o motivo da expansão da atividade em Goiás, Minas Gerais e no Nordeste. Fonte: http://www.abracoa.com.br/

$1 bilhão de Dólares!!!

Publicado: 02/02/2012 Isso mesmo, esse foi o valor que o Brasil importou, um recorde, mais de $ 1,1 bilhão de dólares em peixes, crustáceos, moluscos, etc. E suas preparações no ano de 2011. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no ano de 2011, foram mais de 300 mil toneladas de pescado importadas passando de USD $1,1bilhão, comparados com USD $714.980.714 importados em 2009, e USD $1.001.432.125 em 2010, nota-se que estamos aumentando nossa importação, um absurdo para um pais continental e com tantos recursos. Sou de uma época onde se tratava do peixe com ração farelada em tambor, inacreditável, mas foi assim que começamos, assisti a introdução da ração estrusada no mercado brasileiro e a expansão da produção de alevinos para dar base de sustentação na aqüicultura, isso no inicio da década de 90 quando iniciamos neste mercado que na época já se mostrava promissor. Vi todo o desenvolvimento da atividade e a formação da cadeia produtiva no Brasil passando pelas dificuldades na geração de tecnologias de reprodução das espécies nativas, produção em escala, processamento e abertura de mercado. Hoje considero os piscicultores como heróis, pois são mais de 20 anos lutando para a formação de uma estrutura que possa levar ao consumidor brasileiro um produto produzido em fazendas de criação, com um novo conceito. Recentemente o governo criou o Ministerio da Pesca e Aquicultura e a atividade passou a ser reconhecida não só pelo seu potencial produtivo, distribuição de renda, mas também na importância estratégica para o país como fonte produtora de divisas e alimento. Ações como essa são um divisor de água para a atividade, mas, ver nosso país importar uma cifra dessas é lamentável, somos um dos maiores produtores mundiais de matéria prima para alimentação dos peixes sendo que estes produtos representam de 60 a 70 % dos custos, além de clima favorável, áreas e água para produção. Precisamos caminhar urgentemente para uma aquicultura em escala para sermos competitivo com o mundo. Não existe milagre; ou produzimos mais a preços e qualidade que o mercado está disposto a pagar; ou importaremos cada vez mais pescados. Fica aqui meu ponto de vista, de uma atividade que considero como a quarta fronteira na produção em escala de proteína para a humanidade, com condições de produzir alimento, gerar riqueza, distribuir renda e criar tecnologias para um país continental como o nosso Brasil. Fonte: Redação Grupo Águas Claras