segunda-feira, 2 de maio de 2011

PREÇO DA RAÇÃO NÃO ESTÁ PARA PEIXE

18 de Fevereiro de 2011
Apesar de o consumo de peixe ter aumentado, o produtor sofre com perdas, segundo o Senar/ES
Por Fernanda Coutinho (fcoutinho@eshoje.com.br)
A pesca e a aquicultura são meios de subsistência para 540 milhões de pessoas, o que significa 8% da população mundial. No ano passado foi consumida uma média de 17 quilos de peixe por pessoa, em todo o mundo. Os dados são do relatório da organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Grande parte do peixe vem da aquicultura, que cresce a taxa anual próxima de 7%. Mas, apesar desse consumo ter crescido, nem todos os produtores rurais estão comemorando. Os custos da produção - principalmente da ração - estão muito altos. É o que afirma o o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Espírito Santo (Senar/ES), Neuzedino Assis.
"O que sobra é muito pequeno. O forte, no Espírito Santo, é a tilápia. Quando o produtor consegue vender acima de R$4,00 o quilo do peixe, começa a ter rentabilidade. Se vende na faixa de R$ 3,00, já está 'empatando'", observa Assis. Existem no Estado cerca de 570 aquicultores que desenvolvem a atividade para lazer, comércio ou subsistência, de acordo com dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
As associações de piscicultores e pescadores no Estado são responsáveis por cerca de 350 toneladas/ano de produção de Tilápia. Estão nos municípios de Linhares, São Mateus, Aracruz, Serra, Anchieta, Boa Esperança, entre outros. Somente a Associação Capixaba de Aquicultores, que envolve cerca de 12 municípios e 40 associados, produz anualmente mais de 140 toneladas/ano. Grande parte de sua produção é proveniente de viveiros escavados.
Para o superintendente do Senar/ES, uma dificuldade é quando o produtor precisa arcar com os custos do processamento, o que faz com que a margem de lucro caia muito. "O volume de tilápia comercializado in natura é pequeno. Hoje, o filé está universalizado. É preciso três quilos de peixe para conseguir um quilo de filé de tilápia. Nos restaurantes, esse filé é vendido a R$14,00", destaca Neuzedino Assis.
Alternativas
A ampliação da compra direta, nos municípios, pelo poder público é uma possível solução para diminuir as perdas do produtor. Além disso, superintendente do Senar/ES, Neuzedino Assis, acredita que pesquisas que possibilitem uma alimentação em um valor mais acessível são uma necessidade.
A zootecnista do Incaper, Glaucia Praxedes, informou que no caso da alimentação da tilápia, existe uma experiência de compostagem de resíduos deixados por galinhas e outras produções na área onde está localizada a psicicultura. Nesse caso, a compostagem é feita e fertilizada na água, nascendo espécies de algas, e a tilápia se alimenta dessas algas, mas também precisa da ração. A experiência obtida em Linhares, mostra a redução dos custos com ração na psicicultura.
De acordo com informações da assessoria de imprensa do Incaper, os produtores rurais são assistidos por dois programas o PAA e o PNAE. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) criado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), responsável pela alimentação dos alunos do sistema público de ensino.
Análise
O coordenador do Centro de Estudos e Análises Econômicas (CEAE-FUCAPE), Cristiano M. Costa, destaca que os preços dos alimentos estão subindo no mundo inteiro. O principal componente é o crescimento das economias emergentes, mas também alguns choques climáticos (chuvas intensas e/ou secas) em várias regiões do mundo. O milho ainda sofre com o fato de se muito usado para produzir Ethanol, principalmente nos EUA.
"As commodities vem aumentando de preço desde o último verão americano (Junho). Os preços dos insumos seguem essa tendência, já que são subproduto ou o destino final da produção de milho. O milho é uma commodiite internacional, não há muito o que fazer. É a lei da oferta e da demanda. O milho e a soja impactam na cesta básica dos consumidores. Mas, para a dona de casa eles são substituídos por outros alimentos como o aipim, por exemplo. Já o produtor não tem muita escolha", observa o economista.
Cristiano M. Costa destaca que a tendência dos preços das commodities é que eles continuem subindo ou se estabilizem nestes níveis atuais (que são muito altos historicamente) enquanto as economias dos BRICs
(Brasil, Rússia, Índia e China) continuem crescendo.

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